Hoje em dia, muitos perguntam-se se é justo explorar sem limites os
segredos escondidos nas malhas do DNA antes ainda do nascimento do
indivíduo. É um problema levantado pela Organização Mundial de Saúde
(9) – para preservar fetos do sexo feminino nas várias partes do mundo
– e também pelo Comité nacional italiano de Bioética. Na realidade, o
problema não é de pouco: o feto ainda não nasceu, portanto ele não
pode pôr um veto às nossas investigações, mas, potencialmente, as
informações que obtemos a partir destas mesmas investigações podem
virar-se contra ele. Entendamo-nos bem: o diagnóstico pré-natal feito
segundo os interesses do feto e da mãe é um dever absoluto e útil.
Perguntamo-nos, se, em qualquer caso, se pode autorizar a ir para além
dos limites só por mera curiosidade ou para procurar características
que não dizem respeito à «saúde», mas apenas a pormenores de menor
importância, (cor dos olhos, estatura prevista, ...), uma vez que
alguém poderia querer conhecê-las para evitar o nascimento de um filho
que não tivesse as características pretendidas.
Notas:
(1) Mennella J. A. , Jagnow C. P. , Beauchamp G. K., Prenatal and
post-natal flavor learning by human infants, Pediatrics 2001; 107 (6):
E88.
(2) Hepper P.Q., Fetal memory: does it exist? What does it do?, Acta
Paediatr Suppl. 1996; 416: 16-20.
(3) Bellieni C. V., Cordelli D. M., Bagnoli F., Buonocore G., 11-to
15-Year-old children of women who danced during their pregnancy, Biol.
Neonate 2004; 86 (1): 63-5.
(4) Negri R., La «memoria fetale» nella «care» del neonato pretermine
in incubatrice, Ped. Med. Chir. 2003; 25: 13-22.
(5) Giannakoulopoulos X., Sepulveda W., Kourtis P, Glover V, Fisk N.
M., Fetal plasma cortisol and beta-endorphin response to intrauterine
needling, Lancet 1994, 9; 344 (8915): 77-81.
(6) Anand K. J., Hickey P. R., Pain and its effects in the human
neonate and fetus, N. Engl. J. Med. 1987 Nov. 19; 317 (21): 1321-9.
(7) Bellieni C. V., Bagnoli F., Buonocore G., Alone no more: pain in
premature children, Ethics Med. 2003; 19 (1): 5-9.
(8) Als H., Duffy F. H., McAnulty G. B., Rivkin M. I., Vajapeyam S.,
Mulkern R.V., Warfield S. K., Huppi P. S., Butler S. C., Conneman N.,
Fischer C., Eichenwald E. C., Early experience alters brain function
and structure, Pediatrics 2004;113 (4): 846-57.
(9) World Health Organisation, Proposed international guidelines on
ethical issues in medical genetics and genetic services, Geneva: Who,
1998.
Por Prof. Carlo Valerio Bellieni
* Neonatologista e Docente de Terapia Neo-natal
in Studi cattolici, nº 530, Abril de 2005, pp. 273-275
[tradução realizada por pensaBEM.net]