A capacidade do feto

O feto humano passa uma boa parte da sua vida a fazer movimentos: o
estudo destes movimentos ajuda-nos a identificar o grau do seu
bem-estar. O feto sabe levar o polegar à boca, sabe agarrar o cordão
umbilical. Já tem uma personalidade, tal como demonstram os estudos
feitos sobre os gémeos no útero. Chupa o líquido amniótico no qual
está imerso, sobretudo depois das refeições da mãe à base de doces.
Estremece se sente gritos e barulhos improvisos. Dá pontapés, tem
soluços. O feto humano tem uma actividade eléctrica cerebral
semelhante à do adulto desde a 30ª semana de idade gestativa. Tem um
coração que bate desde a 7ª semana de gestação e a partir dessa
altura, se se lhe aflora a região em torno da boca, gira a cabeça para
o outro lado.
Portanto, tem um grande número de capacidades que nos fazem
compreender que aquilo que se vê na altura do nascimento é apenas um
pequeno ponto dum longo caminho de aprendizagem e vida que começa no
momento da concepção, isto é, no momento da união entre o óvulo e o
espermatozóide.

Notas:
(1) Mennella J. A. , Jagnow C. P. , Beauchamp G. K., Prenatal and
post-natal flavor learning by human infants, Pediatrics 2001; 107 (6):
E88.
(2) Hepper P.Q., Fetal memory: does it exist? What does it do?, Acta
Paediatr Suppl. 1996; 416: 16-20.
(3) Bellieni C. V., Cordelli D. M., Bagnoli F., Buonocore G., 11-to
15-Year-old children of women who danced during their pregnancy, Biol.
Neonate 2004; 86 (1): 63-5.
(4) Negri R., La «memoria fetale» nella «care» del neonato pretermine
in incubatrice, Ped. Med. Chir. 2003; 25: 13-22.
(5) Giannakoulopoulos X., Sepulveda W., Kourtis P, Glover V, Fisk N.
M., Fetal plasma cortisol and beta-endorphin response to intrauterine
needling, Lancet 1994, 9; 344 (8915): 77-81.
(6) Anand K. J., Hickey P. R., Pain and its effects in the human
neonate and fetus, N. Engl. J. Med. 1987 Nov. 19; 317 (21): 1321-9.
(7) Bellieni C. V., Bagnoli F., Buonocore G., Alone no more: pain in
premature children, Ethics Med. 2003; 19 (1): 5-9.
(8) Als H., Duffy F. H., McAnulty G. B., Rivkin M. I., Vajapeyam S.,
Mulkern R.V., Warfield S. K., Huppi P. S., Butler S. C., Conneman N.,
Fischer C., Eichenwald E. C., Early experience alters brain function
and structure, Pediatrics 2004;113 (4): 846-57.
(9) World Health Organisation, Proposed international guidelines on
ethical issues in medical genetics and genetic services, Geneva: Who,
1998.

Por Prof. Carlo Valerio Bellieni
* Neonatologista e Docente de Terapia Neo-natal
in Studi cattolici, nº 530, Abril de 2005, pp. 273-275
[tradução realizada por pensaBEM.net]

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