Por Dolors Voltas
Vogal da Comissão Deontológica da Ordem dos Médicos de Barcelona
O debate surgido nos últimos dias sobre a eficácia do preservativo
para impedir o contágio da Sida obriga-nos a reflectir seriamente
acerca da sua oportunidade e hipotética eficácia.
Dar a entender que o uso do preservativo significa protecção total
face à Sida é uma mentira cruel e interesseira.
Cruel porque leva a que os nossos jovens ponham em perigo as suas
vidas, convencidos de que estão 100% seguros. Interesseira porque é
mais fácil e mais barato promover o uso do preservativo do que educar
no uso responsável da sexualidade.
O que se conclui daqui é que se engana os cidadãos ao ocultar todos os
dados que se têm sobre os preservativos e sobre a sua eficácia no que
respeita à prevenção da Sida.
Os países europeus, nos quais se promoveram campanhas de informação
técnica sobre o uso do preservativo, deram-se conta depois que se
tinham esquecido do factor humano. Não falaram aos jovens de ternura,
nem de amor. Não lhes explicaram a importância de que cada um,
individualmente, deve ser escutado, compreendido, acolhido e amado, e
isso ocasionou muitos fracassos, tanto sanitários como psicológicos.
Na medida em que os jovens forem os protagonistas da sua educação e
comportamento sexual, e desde que se esforcem por procurar o
significado verdadeiro e humano da sexualidade, cabe-nos confiar que,
eles, por si próprios, serão levados a avaliar adequadamente a actual
campanha contra a Sida, na qual se promove o preservativo pela
milésima vez.
Dolors Volta, in Alba –semanario de información, Ano 1, nº 10, de 11 a
17 de Dezembro, pp. 10.