«Matar por misericórdia» é um acto de eutanásia directa, cometido em
geral, com o propósito alegado de acabar com o sofrimento de uma
pessoa improdutiva ou doente terminal. Na realidade, as pessoas
saudáveis cometem «assassinatos por misericórdia» a fim de aliviarem a
si mesmas da inconveniência e gastos de cuidar daqueles que se
tornaram (ou tornarão) um peso emocional ou financeiro para elas.
Nesses últimos 20 anos, a sociedade definiu duas classes de seres
humanos nascidos que não estão sofrendo, embora sejam candidatos à
«morte por misericórdia»: recém-nascidos, com deficiência, que sob
outros aspectos poderiam viver uma longa vida, e pessoas num estado de
coma prolongada. Actualmente os grupos pró-eutanásia estão estendendo
esse «privilégio» letal aos pacientes terminais e internos em asilos,
independente do seu estado emocional ou nível de dor. É inevitável que
o número de pessoas candidatas favoráveis à «morte por misericórdia»
aumentará rapidamente e de forma incontrolável, assim como aconteceu
na Alemanha nazista, e assim como está a acontecer actualmente na
Holanda.
«Matar por misericórdia» tanto os infantes como os adultos é uma
extensão lógica da prática do aborto electivo cometido para eliminar
nascituros deficientes. Se bebés nascituros saudáveis podem ser
assassinados até o momento do seu nascimento porque a mãe percebe que
a sua saúde ou bem-estar estão ameaçados, então porque não podem ser
assassinados logo após o nascimento, especialmente se têm um defeito
grave de cromossomas tal como a Síndrome de Down? As crianças com a
Síndrome de Down estão entre os seres humanos mais felizes e contentes
que existem, frequentemente vivem até à idade adulta e transmitindo
muita alegria aos outros – no entanto, são frequentemente assassinadas
no útero, não porque elas vão sofrer, mas porque os pais assim o
acham.
Se uma pessoa aceita a morte de acordo com a vontade de Deus, é uma
graça. Porém, se outros nos forçarem, ou se nós nos esforçarmos para
que isso aconteça devido às ordens dirigidas às nossas consciências
mal-formadas, torna-se uma sobrecarga insuportável, aparentemente
aceitável apenas porque parece ser menos terrível do que a dor.
Brian Clowes, PhD
Fonte: Factos da Vida em 06/03/2004