Matar os Pobres para que os Ricos não se Privem

Josué de Castro, ao falar do Neocolonialismo, chama a atenção para o
facto de Malthus, o introdutor, nos tempos modernos, da questão do
excesso de população, ser funcionário da Companhia das Índias, o braço
armado do Imperialismo Britânico. (1)

No séc. XX a Questão Demográfica foi retomada pelos Estados Unidos
quando puseram fim à política de Isolacionismo, preocupados com a
ameaça que, para o poder político e económico anglo-saxão constituíam
os grupos de imigrantes e a população dos países detentores de
matérias-primas.

Uma das suas mais activas militantes foi Margaret Sanger, que virá a
ser a fundadora e 1ª Presidente do IPPF em 1952. Interessante é
conhecer as relações ideológicas entre estes militantes, o Racismo e
os Grupos Nazis. Em 1919, M. Sanger defende que "mais filhos dos
saudáveis e menos dos débeis é o principio do controlo de
natalidade"(2), que "favorecerá a criação de uma raça pura"(3),
propondo como solução "uma severa e rígida política de esterilização e
segregação das pessoas «infectadas» pela herança genética"(4).É
conhecida a sua adesão às teses nazis, nomeadamente ás posições do
Prof. Ernst Rudin que, com o apoio da família Rockfeller, abre em
Munich o Instituto Kaiser Guilherme responsável pelas leis racistas de
1935 na Alemanha. Quatro anos mais tarde, em carta dirigida ao Dr.
Clarence Gamble afirma sem rebuço "não queremos que se saiba que
queremos exterminar a população negra. [… ]"(5)

É interessante constatar que, no mesmo ano, 1952, se fundam os pivots
da política anti-natalista mundial: o IPPF, o Population Council
fundado por John Rockfeller III e a Fundação Ford.

Em 1969 um relatório da UNA-USA (Associação das Nações Unidas dos
Estados Unidos da América), de que era responsável John Rockfeller
III, lança a ideia de usar os organismos da ONU e as ONG`S para
executar a política americana sem que os USA possam ser acusados de
Imperialismo. O IPPF e as suas influentes ramificações são, a partir
daqui, os grandes promotores do controlo de natalidade entre os
imigrantes dos Estados Unidos, e no Mundo.

Em 1974, em pleno choque petrolífero, o Memorandum 2000 cujo principal
redactor foi Henry Kissinger assinala que: "os gastos para o controle
da população podem ser muito mais eficazes do que os que procuram
aumentar a produção através de investimentos directos em instalações
de irrigação, indústrias e projectos energéticos" (§ 53). Poucos anos
mais tarde, o Chefe do Departamento Para A População da USAID revelava
em entrevista ao St. Louis Post-Dispatch de 22 de Abril de 1977, que
era seu objectivo esterilizar a quarta parte das mulheres em idade
fértil de todo o mundo de modo que se mantivesse "a operacionalidade
normal dos interesses comerciais dos Estados Unidos no mundo" (6)

O modo como a manutenção dos interesses comerciais dos USA é
concretizada revelam-no dois médicos indianos em artigo publicado em
1990 na revista médica inglesa The Lancet,. Os médicos S. G. Kabra e
R. Naranayanan denunciam que "as autoridades locais são fortemente
pressionadas para que sejam alcançados os objectivos estabelecidos e
que se paga aos médicos com base nas intervenções cirúrgicas
realizadas…Dão-se, habitualmente, incentivos (em dinheiro ou outro
tipo) não apenas aos candidatos à esterilização mas também aos que os
motivam. A estrutura organizadora é insuficiente e, de certeza, não se
dão as informações previstas para obter o consentimento. Muitos
ginecologistas gabam-se do número de esterilizações que conseguem
realizar" (7)

Em 1998 a ONU elevou o IPPF a parceiro quase a nível de governo,
situação nem sequer atribuída à Cruz Vermelha Internacional. O
memorandum assinado por Nafis Sadik e a Secretária Geral do IPPF,
Ingar Brueggeman, afirma que "a cooperação entre o IPPF e o FNUAP
(Fundo das Nações Unidas para a População), se desenvolveu ao ponto de
se converter em essencial a partir do momento em que os seus
objectivos, no tema da saúde reprodutiva, coincidiram plenamente." (8)

Consequentemente, sabe-se que o auxílio económico aos países que dele
necessitam, ou o solicitam, está dependente da aceitação de programas
de controlo de natalidade, nomeadamente: da difusão de uma mentalidade
anti-vida, da recusa de uma moral sexual, da perversão de crianças e
adolescentes à revelia dos pais, da promoção da homossexualidade,
pedofilia, incesto, bestialidade, da elevação da esterilização e do
aborto à categoria de direitos humanos… (9)

Porque "O Imperialismo hoje, não é apenas uma questão política,
económica ou militar. Sendo-as todas em simultâneo, é hoje, mais do
que nunca, uma questão psicológica e científica. Actualmente, os
países mais ricos do mundo empregam meios de destruição maciça muito
mais discretos mas muito mais eficientes do que as armas nucleares.
Utiliza-se a biologia, a medicina, a demografia e a agronomia, com as
suas respectivas tecnologias, como armas dirigidas contra os pobres
mais do que contra a pobreza." (10)

(António Faure)

Notas

(1) Castro, Josué, Geopolítica da Fome, ITAU, citado de memória.

(2) Birth Control Review , Maio de 1919, in Kasun, J., The War Against
Population, citado por Riccardo Cascioli, El Complot Demográfico,
Palabra, 1998, pág.77

(3) Birth Control Review, Novembro de 1921, in C. Van Winnendael,
LÌPPF: Aspects Politiques de Son Action Internationale, citado por
Riccardo Cascioli, El Complot Demográfico, Palabra, 1998, pág. 78.

(4) Birth Control Review, 1932, in Kasun, J., The War Against
Population citado por Riccardo Cascioli, El Complot Demográfico,
Palabra, 1998, pág. 78.

(5) Citado por Serras Pereira, Nuno, APF-ASSOCIAÇÃO PARA O PLANEAMENTO
DA FAMÍLIA, Novembro de 1998.

(6) Kasun, J., The War Against Population, citado por Riccardo
Cascioli, El Complot Demográfico, Palabra, 1998, pág. 107

(7) Sterilizations Camps In Índia, The Lancet, Vol.335, (27/01/1990),
citado por Riccardo Cascioli, El Complot Demográfico, Palabra, 1998,
pág.110.

(8) Cfr. Noticias Globales, 7 de Março de 1998

(9) Cfr. Serras Pereira, Nuno, APF-ASSOCIAÇÃO PARA O PLANEAMENTO DA
FAMÍLIA, Novembro de 1998. Riccardo Cascioli, El Complot Demográfico,
Palabra, 1998, Parte III e Apêndice, pág. 149-246. O comportamento do
Ministério da Educação do Governo Português relativamente ao PQNE
(Programa Que Não Existe) de Educação Sexual nas Escolas, insere-se,
claramente, nesta estratégia.

(10) Schooyans, M, The New World Order and Demographic Security, in
Population Research Institute Review, Vol. 3-4 (Julho-Agosto de 1993),
citado por Riccardo Cascioli, El Complot Demográfico, Palabra, 1998,
pág.137,

Lei e selva