De pouco serve



SEM ABSTINÊNCIA E FIDELIDADE DE POUCO SERVE O PRESERVATIVO


A sida causou em 2004 mais de 3 milhões de mortes mundiais.

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Sem negar as boas intenções, é paradoxal voltar a ver uma campanha baseada exclusivamente no preservativo (que não é 100% seguro). Supõe repetir um engano trágico, que custará muitas mais vidas humanas. Isto é assim porque na comunidade científica actualmente há um consenso em que se têm de pôr em primeiro lugar a promoção da abstinência e da fidelidade, antes do uso dos preservativos.

Esta é a base da estratégia 'ABC', que significa, por esta ordem, Abstinência, fidelidade (de "Be faithfull") e só em terceiro lugar o preservativo (condom). Assim conclui o consenso cientifico publicado na revista médica número 1 da Europa, Lancet (27-11-2004). Assinam o referido consenso mais de 140 pessoas de todo o mundo, todas de reconhecido prestígio.

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Entre os subscritores incluem-se distintos investigadores sobre sida das universidades de renome (Califórnia - S. Francisco, Cambridge, Berkeley, Harvard, Hopkins, London School of Hygiene & Tropical Medique, Paris, Bruxelas, etc.), directores da ONU-SIDA e muitos, muitíssimos, responsáveis pela saúde pública de vários países africanos.Entre eles também estão dois espanhóis, um membro do Departamento que dirijo. Assinaram-no também o Presidente do Uganda, um país que de verdade pode dar o exemplo: a proporção dos infectados baixou de 15% para os 5% na década dos anos 90, enquanto que em toda à sua volta aumentava. No Uganda não se repetiu o engano de apoiar a prevenção a partir da distribuição de preservativos, mas sim em educar: insistir junto dos jovens na necessidade de atrasar as relações sexuais, reduzir a mudança de parceiros e fomentar a fidelidade do casal. O Uganda não investiu mais em preservativos, mas sim em educar para a abstinência e para a fidelidade os jovens bem como apelar à monogamia nos maiores. Isto é realista. Não me digam que não é, porque seria como dizer que não é realista pedir a alguém que deixe de fumar. Os esforços são os mesmos: força de vontade e criar um meio favorável. Dizer que isto é não conhecer a realidade dos jovens, é esquecer que a prevenção deve adiantar-se e abranger toda a população e não só uns quantos que têm condutas permanentes de alto risco e que não querem sair delas.

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É necessário dar prioridade à lógica, ao sentido comum e à evidência epidemiológica. A comunidade científica mundial atreve - se a falar de fidelidade e abstinência. Por algo será…

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A sida e as outras doenças de transmissão sexual (ETS) não se conterão, se não se tiver em conta toda a estratégia 'ABC'. Não é só a sida, mas também outras ETS mortais como o câncer cervical conhecido por "papilomavirus", em que o preservativo não serve. Também o crescente número de abortos, pois também aqui a estratégia do preservativo falhou uma vez que aqueles não param de aumentar. São mais que motivos suficientes para que os responsáveis políticos repensem a estratégia.

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(Miguel A. Martínez-González, Director do departamento de Saúde Pública, Universidade da Navarra, La Gaceta de los Negocios (Madrid))

Lei e selva